O Épagneul Pequinês é provavelmente
tão antigo como a civilização chinesa. Os chineses acreditam que esta raça era a encarnação do “Cão de Foo ou Fu”,
o espírito canino que afugentava os espíritos do mal e que figura inclusivamente no calendário anual chinês. Estas teorias
próximas do Budismo, juntamente com a sua juba, valeram ao Pequinês o apelido de Cão Leão.
Considerado uma emanação
do cão mítico de Foo que afastava os maus espíritos, o Épagneul Pequinês era venerado em todo o Império da China como um semideus.
Todos os visitantes diplomáticos
na presença de qualquer imperador ou exemplar desta raça, deveriam inclinar-se na sua frente.
A veneração por esta raça era
total e ainda hoje está bem patente na arte antiga chinesa, na qual se pode encontrar várias representações do Épagneul Pequinês.
Estes exemplares eram considerados como representantes do imperialismo da China e quem ousasse qualquer mau trato, falta de
respeito roubar ou tocar num exemplar sem autorização era punido com a pena de morte.
No desejo de uma protecção
divina e celestial, quando um imperador morria, um exemplar desta raça era sacrificado, de modo a que o mesmo acompanhasse
o imperador nos seus passos e para que o protegesse no além.
É ainda hoje considerado um
cão sagrado, o Épagneul Pequinês era protegido e acolhido pela família imperial chinesa na sua integridade, era esta a única
família que podia ter e reproduzir estes cães. Eram as concubinas do imperador que se encarregavam da criação desta raça sendo
que as mulheres, serviam-se da beleza do Pequinês para se tornarem mais interessantes aos olhos do imperador, ganhando assim
um lugar sagrado na família imperial.
O Épagneul Pequinês viveu assim durante séculos protegido no palácio imperial
na presença das concubinas e restante família Imperial, onde cada cão tinha o seu séquito de criados para os servir algumas
das mais delicadas e seleccionadas refeições.
Desde sempre preciosamente
seleccionados, os cruzamentos entre os exemplares reprodutores eram detalhados e registados em livros, fazendo do Épagneul
Pequinês uma das mais antigas raças com um livro de registos de estudos e várias linhagens de criação.
Em épocas de gestação,
eram apresentadas às mães gestantes várias figuras de exemplares de determinadas cores pretendidas nos novos cachorros tal
como os tecidos mais suaves e brilhantes, para que a pelagem dos mesmos cachorros tivesse a qualidade e as cores desejadas.
O Épagneul Pequinês permaneceu
assim desconhecido perante o mundo durante séculos.
Em 1860/61, época da guerra
do Ópio na grande China, as tropas franco-inglesas invadiram a Cidade Proibida e o Palácio de Verão.
A Imperatriz,
responsável pelo pequeno imperador, tinha ordenado a eutanásia dos cães, para que não caíssem nas mãos dos “espíritos
malévolos”. Apesar do mar de sangue e da carnificina entre muitos dos cachorros mortos, uma das princesas que tinha
permanecido no palácio suicidou-se durante a invasão, deixando para trás os seus cinco exemplares.
O Almirante Lorde
John Hay e o General Dunne, ao serviço da Rainha Vitória do Império Inglês, conseguiram capturar cinco cães desta raça declarando
os mesmos como presas de guerra. Uma das exemplares bicolores, branca e vermelha, foi oferecida à Rainha Victoria, que lhe
deu o nome de Lotty. Os restantes exemplares ficaram na pertença da primeira criadora de Inglaterra, governanta e acompanhante
da mesma Rainha.
A partir deste momento, o Épagneul Pequinês tornou-se extremamente popular nesse país entre a alta
sociedade, a corte e mesmo a realeza. Quando Lotty morreu, foi decretado luto nacional, algo que só acontece quando a morte
de qualquer membro da família real, tendo assim sido hasteada uma bandeira negra a meia haste, a estima e o sentimento por
esta cachorra era igual a qualquer membro da mesma família.
Quando Looty morreu, foi entregue
a um taxidermista e esta ainda se encontra em exposição no British Museum.
Ao longo dos anos seguintes,
foram exportados vários exemplares da Inglaterra para os EUA, e restante Europa, onde hoje estão muito difundidos.
Algumas
das linhagens Inglesas mais importadas para Portugal foram os Micklee, Livandas e Shiarittas entre outras, no entanto algumas
destas linhagens inglesas actualmente não estão a fazer criações ou exportações.
Em
Portugal a época forte desta raça foi nas decadas de 1980 e 1990's com a presença de vários criadores desta raça com
exemplares de exposições de qualidade muito elevada.
Alguns
dos nomes que ficam na historia desta raça em Portugal são John Bird da Linhagem Pekesville, Marlin Albergaria da
Linhagem Costa-do-Estoril, Manuela Serra da Linhagem Monte-Serra, Victoria de Linhagem Espanhola de Galeon, Mª Ermelinda Drumond
da Linhagem Drummondville entre outros criadores que a memoria não recorda.
Das
linhagens portuguesas Pekesville foi das que mais se destacou, tendo esta mesma linhagem os prémios de o "Melhor Cão
da Raça Epagneul Pequinês" e o "Melhor Cão do Ano de Todas as Raças", anos consecutivos.
Em
1994 foi adquirido por Pekesville o título de Melhor cão da Europa.
Entre
muitas vitorias realizadas na raça, a canicultura portuguesa tem uma historia de altos e baixos, com maior presença ou ausência
de criadores no mundo das exposições que de certa forma é o mundo que defende a raça e a presença da mesma a nível nacional.
Assim
alguns dos criadores destas mesmas linhagens deixaram o mundo da canicultura, ou por motivos de idade avançada, por desmotivação,
por falta de apoios ou até mesmo por morte dos mesmos.
Desde
1990 que a Linhagem Drummondville apresenta alguns dos seus melhores exemplares em exposições dando continuidade à imagem desta
mesma raça.
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